Como já contei extensamente nos posts sobre Metamorfoses, eu levei um ano e dois meses em transição. Não por medo do tão falado BC, até porque eu já havia ficado completamente careca (por questões religiosas) no ano de 2007. Cabelo curto não era exatamente um medo, mas uma escolha. Eu não estava disposta a fazer uma radicalidade tão cedo e eu ainda tinha um longo período para "assentar" minhas idéias sobre que tipo de cabelo e de vida que eu estava moldando a partir dessa decisão capilar.
De verdade, eu penso que essa questão da Estética vem se tornando um tema muito importante nas últimas décadas. Sempre foi. Nós conhecemos o passar dos anos pelos estilos de roupas e cabelos que usamos ao longo dos anos, porém a questão da estética negra traz com ela uma questão não só de beleza, mas também de afirmação de uma ideologia. A afirmação de uma identidade, a aceitação de si mesma, que acaba sendo também uma bandeira contra o racismo e a ditadura da normatividade que não contempla nossos cabelos e corpos negros e negras.
Fui maturando todas essas coisas na "caxola" e o período de transição foi um período de transformação não só do cabelo, mas de mim mesma. Pelo que observei em minhas pesquisas nos blogs, nos grupos de Facebook e canais de youtube que frequentei durante este tempo, não é só comigo que aconteceu isso. todas as meninas/mulheres que passaram e passam pela transição redescobrem a si mesmas a partir da redescoberta dos cabelos. Temos que lidar com a angústia, a impaciência, temos que nos reinventar todo dia, a cada texturização, nova descoberta e também a cada balde de água fria. E é assim que passamos por todo o processo, de forma coletiva, fazendo rede, nos apoiando, mesmo que virtualmente e fazendo esse processo estético e subjetivo nos renovar como pessoas.
Depois de toda essa introdução, vamos ao que interessa!
Decidi fazer o BC quando fiz um ano de transição, eu não aguentava mais lidar com aquelas texturas diferentes na cabeça, era trabalhoso demais ficar fazendo "bantu knots" ou tranças para o cabelo ficar de um jeito que me agradasse. Ele ficava assim:
Texturização com bantu knots (aqui ele tava um pouco mais curto e ainda ficava direitinho, depois...)
Com twists
Com tranças
No fim, eu já não tinha mais receio de usar ele solto, o cabelo cheio e volumoso e começou a dar pena de cortar... Como sou contraditória né? rsrs
Levei mais dois meses pra organizar a agenda e resolver tirar a parte que ainda continha química no cabelo, a partir de uma indicação da queridíssima Fabiana Lima, encontrei a Gabi (Marília Gabriela), profissional extremamente cuidadosa, sensível e especializada em cabelos crespos, que fez meu BC, a partir de nossa conversa, sem me impôr nadinha e me deixou muitíssimo feliz.
Fotos do BC (Antes e Depois):
Antes do BC
Pós BC (18/07)
Fiquei mega feliz com o resultado, redescobri meu cabelo com cachos naturais, mudei a rotina capilar, adaptei a semana pra ter dias de cuidados para mim mesma e ficar livre não só de químicas, mas de maus pensamentos, livre da não aceitação, enfim em paz comigo do jeito que sou. foi um processo integrar de auto conhecimento e ressignificação de mim mesma. Espero que seja tão proveitoso para vocês, como foi pra mim.
Beijokas da Pretricinha!
